COMISSÕES DE FRENTE HISTÓRICAS DE TODOS OS TEMPOS.

 
 



Nunca na história do carnaval a expressão "Um show à parte" fez tanto sentido quanto 
no desfile do ano passado. A comissão de frente não só foi o destaque da campeã Unidos 
da Tijuca, como ganhou vida própria em uma agenda de apresentações que vai até junho. 
A indecifrável troca de roupas que deslumbrou a Sapucaí, até lá, terá sido vista em cerca 
de 200 eventos, boa parte sem relação alguma com a folia. Só o ex-presidente Lula aplaudiu 
em três ocasiões. Vai ser um desafio para os coreógrafos Priscilla Mota e Rodrigo Negri, 
casados, se superarem.

Tanto sucesso é resultado de um processo que tornou as comissões de frente cada vez mais 
espetaculares. Daí a ideia de perguntar qual a preferida de vocês nos últimos 20 anos. 
Escolhi dez candidatas para a votação, conjugando, na medida do possível, meu gosto com 
indicações feitas por leitores no blog. A da Unidos da Tijuca de 2010 é hors-concours. 
Se achar que houve omissão, comente à vontade que eu me explico. 
Mas não deixe de rever os trechos dos desfiles para refrescar a memória e votar, até 
20 de fevereiro. Afinal, mais do que nunca, a primeira impressão é a que fica.
UNIDOS DA TIJUCA 2010 - HORS-CONCOURS
      

Inspirada num programa de TV, a troca de roupas da comissão de frente da Unidos da Tijuca 
intrigou o público na Passarela do Samba. Como eles conseguiam fazer aquilo 
tão rapidamente? "É segredo", não por acaso o título do enredo campeão de Paulo Barros. 
No momento mais impressionante, papel picado prateado caía sobre as componentes, formando 
um novo vestido. É um típico caso em que palavras não dão conta da explicação. Portanto, 
clique aí em cima, à direita, para lembrar.

       




MOCIDADE 1991
A comissão de frente com escafandros evoluiu em passos lentos, como se estivesse andando 
no fundo do mar, já que o enredo da Mocidade, campeã em 1991, foi "Chuê, chuá, as àguas 
vão rolar", de Renato Lage e Lílian Rabello. A coreografia foi moderna para aquela época, 
mas, diferentemente das atuais, evitava movimentos bruscos e não incluía alegorias.

         

IMPERATRIZ 1993
De Rosa Magalhães, o enredo "Marquês que é marquês do saçarico é freguês", sobre o Marquês 
de Sapucaí, professor de Dom Pedro II, falava da folia nos tempos do Império. 
O coreógrafo Fábio de Mello entrou no clima. A comissão de frente trazia máscaras, 
capas e plumas e fazia galanteios inspirados no carnaval de Veneza para seduzir 
o público no estilo Casanova.

         

IMPERATRIZ 1994
"Os dançarinos da Corte" foi a fantasia da comissão de frente da Imperatriz em 1994, 
quando a escola venceu com "Catarina de Médicis na corte dos tupinambôs e tabajères", 
de Rosa Magalhães. Lembrava a festa para os reis de França em Rouen, em 1550, 
com a participação de índios brasileiros. O destaque da coreografia de Fábio de 
Mello foram os leques.

         

IMPERATRIZ 1997
O teclado de piano estampado na fantasia tinha tudo a ver com o enredo "Eu sou da lira, 
não posso negar", de Rosa Magalhães, uma homenagem à compositora Chiquinha Gonzaga. 
A coreografia, novamente de Fábio de Mello, dessa vez foi mais irreverente, inspirada 
em passos de dança da época da autora de "Ó abre alas", como o corta-jaca e o maxixe.

         

MANGUEIRA 1998
Quando todos achavam que Fábio de Mello, da Imperatriz, era insuperável, nasceu uma 
nova estrela em comissões de frente. No enredo sobre Chico Buarque, desenvolvido por 
Alexandre Louzada, Carlinhos de Jesus criou para a Mangueira uma coreografia 
inspirada na "Ópera do malandro". O terno branco e a performance teatral uniram 
o clássico e o moderno.

         

MANGUEIRA 1999
As máscaras de bambas imortais, assinadas por Vavá Torres, emocionaram o público 
como se eles tivessem ressuscitado para sair na Estação Primeira, com 
o enredo "O século do samba", desenvolvido por Alexandre Louzada. 
A coreografia de Carlinhos de Jesus lembrava o jeito peculiar de cada um. 
O blogueiro estava na Sapucaí e viu muita gente chorando.

         

BEIJA-FLOR 2001
O ritual da pantera negra foi encenado pela Beija-Flor em "A saga 
de Agotime - Maria Mineira Naê", rainha do Daomé vendida como escrava que 
retoma sua religião no Brasil. Tudo a ver com um enredo sobre a luta pela liberdade, 
já que o animal é cultuado por africanos por não se deixar aprisionar. 
Ghislaine Cavalcanti assinou a comissão de frente.

         

UNIDOS DA TIJUCA 2002
Montado e desmontado várias vezes na Marquês de Sapucaí, um barco de papel 
com "Os lusíadas" impresso resumiu a ópera do enredo, de Milton Cunha, sobre o nosso 
idioma: a língua portuguesa chegou aos quatro cantos do mundo pelo mar, com as 
Grandes Navegações. Raras vezes uma comissão de frente (coreografia de Marcelo Misailidis) 
teve tanto poder de síntese.

         

SALGUEIRO 2003
Para festejar os 50 anos do Salgueiro, Marcelo Misailidis criou uma comissão de frente 
de roupa tradicional: cartola, sapato branco e bengala. Mas a coreografia nada tinha 
de ingênua, formando o nome e a bandeira da escola. O estilo estava afinado com as 
alegorias e fantasias, de Renato Lage e Márcia Lávia, lembrando inesquecíveis desfiles 
da vermelho-e-branco. 

         

SALGUEIRO 2005
A presença do fogo em antigos rituais religiosos, na Revolução Industrial e no fogão 
nosso de cada dia compuseram o enredo de Renato Lage e Márcia Lávia no Salgueiro em 2005. 
Para abrir o desfile, nada melhor do que uma comissão de frente, assinada 
por Marcelo Misailidis. mostrando homens pré-históricos descobrindo... o fogo. 
Elementar, no bom sentido!

         
 
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